mercredi 17 décembre 2008

PRÓLOGO

-Eu não tentaria, se fosse você - murmurou uma voz feminina e seca atras dele. Não escutara os passos de ninguém. Droga, pensou Reg, essa babaca tinha que chegar justo agora?
-Que bom que eu não sou você, não é? - Reg se virou para a irmã rapidamente, e encarou-a com desprezo. Sempre, sempre aquela garota insuportavel destruia tudo que estivesse fazendo escondido, parecia ter um faro para suas mentiras. Sua sorte era que ela não saia por ai espalhando, mas jogava na cara quando precisasse.
-Então, srta. Eu-vi-o-que-você-fez, eu posso te ajudar ou sera que, por um segundo sequer, você poderia me deixar em paz? Ele olhava com desgosto, mas mesmo assim pode perceber que a garota não estava bem. Tinha o olhar longe e triste.
-Bem, caro irmão, eu preciso urgentemente usar o computador, e acho melhor que você não se oponha. Afinal, ambos sabemos que você esta agindo como hacker, e com um telefonema posso destruir metade de suas regalias - Lucien não estava brincando. Tinha que usar o computador e não queria que o irmão mais novo visse para quê.
-Posso ser franco com você? Que se dane! Não vou sair, vou continuar aqui, e você vai fazer ameaças bem longe de mim, escutou?
-Reg... Por favor... Acho que nossas animosidades não chegam ao ponto de sacanear assim um irmão.
-Qual teu problema, hein? Desde ontem anda triste, nervosa. Terminou o casamento, foi? - Reg detestava a irmã, como em qualquer familia, mas não gostava de vê-la triste. Alias, um de seus pontos fortes era esse: não suportava ver as pessoas tristes.
-Não tenho problema algum, apenas preciso usar o computador -disse ela, quase entre os dentes - meu laptop não esta funcionando, Reg. Por favor.
O garoto refletiu por algum tempo. Sabia que acabaria deixando, mas gostava de irritar ao maximo as pessoas. Principalmente sua irmã, ainda mais agora que ela sairia de casa, ja que completara dezoito anos recentemente, e não a veria mais tão cedo, tinha que aproveitar.
-Você tem dez minutos. DEZ MINUTOS, escutou bem? Depois disso, fora do meu quarto.
Lucien se sentiu um tanto quanto aliviada, e sentou na cadeira macia. Ouviu seu irmão bater a porta do quarto. Provavelmente estava indo para a cozinha, o que era bom, pois não chegaria tão cedo.
Checou o endereço no celular e digitou. Era um laboratorio conhecido, famoso. E também muito pratico, pois os resultados dos exames poderiam ser consultados por internet. Facilitava muito as coisas para Lucien, que não se sentia bem para ir até a sede do laboratorio pegar um pedaço de papel.
Abriu a pagina que queria. Sua mão tremia no teclado, quase não conseguia digitar seus dados. Estava com medo.



°°°°°


Da janela envidraçada podia-se ver muito bem as nuvens que se formavam. O sol aparecia de longe, escondido, sonolento. Naquele inverno, era raro ter luz solar. Geralmente, ao olhar para o céu, podia-se ver uma massa acinzentada e pingos caindo. A chuva também não dava trégua.
Ox Gorgue estava sentado em sua cama, que rangia a qualquer movimentp, por mais delicado que fosse. Tinha nas mãos um caderno grosso e uma caneta gasta, além da habitual pulseira de identificação eletrônica. Escrevia com rapidez e precisão, sem hesitar entre as linhas, como se tudo que colocava no papel ja tivesse sido bem pensado e revisado. Escrevia até a exaustão, sem parar para corrigir os erros de ortografia, que eram quase sempre nulos. Ox sempre, desde muito pequeno, tivera uma enorme paixão por escrever.
Olhou o calendario: era terça-feira, dia de avaliação psicologica. Ox sorriu por dentro. Era o unico dia que fazia aquele lugar valer a pena. A Avaliação sempre foi prazerosa, pelo fato da compania. Lilian Herz, uma americana nascida alemã, formada em psicologia. Era uma mulher atraente em seus vinte e nove anos. Bonita, cabelos longos e ruivos, branca feito leite. E era doce, suave, e ao mesmo tempo rigida e não admitia muitas coisas.
E era por ela que Ox mantinha um sentimento escondido, muito bem escondido. Talvez ela não fosse indiferente, sorria muito em sua presença, o que deixava Ox confuso, sem saber se era da rotina ou do coração. Era esse sentimento forte a unica coisa que mexia de verdade com Gorgue. De resto, era frio como uma pedra. Não gostava de conversar, de se emocionar. Suas paixões eram a leitura e os calculos. E Herz. Mas nem ler nem calcular faziam Ox suspirar como criança.
Passos leves no corredor indicavam que as três horas chegaram. Fato. Consultou o relogio e arrumou a camisa, e então viu a figura esbelta com um jaleco branco estava na porta da cela, sorrindo, com sua prancheta na mão,. Ox se sentia um menininho apaixonado pela professora de primario. Ninguém nunca mexera com ele assim.

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire